O que é o Islam? Uma pequena introdução
O Islam é a segunda maior religião do mundo, com mais de 2 bilhões de seguidores (mais de 20% da população mundial). É uma das religiões que mais cresce no mundo, principalmente na América do Norte e na Europa.
É importante notar que, diferente do que muitos acreditam, o Islam não é uma “religião árabe”. Apesar de a maioria dos árabes ser muçulmana, eles representam menos de um quarto da população islâmica mundial.
Existem mais muçulmanos na África Subsaariana do que em todo mundo árabe. Além disso, o país onde há mais muçulmanos no mundo é a Indonésia, no leste asiático.
Apesar de não ser uma religião associada com “brasilidade”, há uma presença islâmica no Brasil desde a era colonial. Muçulmanos de diferentes etnias da África Ocidental foram sequestrados e trazidos ao Brasil, e seu legado cultural pode ser observado até hoje por aqueles com olhar mais atento.
Atualmente, de acordo com instituições islâmicas, há cerca de um milhão de muçulmanos em todo território nacional, menos de 1% da população. Continue lendo para aprender mais sobre a religião que eles praticam.
O que é o Islam? Uma pequena introdução à religião.
A palavra Islam vem do árabe e pode ser traduzida tanto como submissão quanto como entrega. E quem pratica o Islam é chamado de muçulmano.
O Profeta (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) disse: “Quem ama encontrar Allah, Allah ama encontrá-lo”. (Tirmidhi)
O Islam é uma religião monoteísta, o que significa que ela prega a existência de um Deus único. Segundo o Islam, o ser humano tem uma inclinação natural de se entregar a Deus. Essa disposição é chamada fitrah.
Em outras palavras, o ser humano possui naturalmente um vazio em seu coração que só pode ser preenchido por Deus.
É comum tentarmos agir contra essa disposição natural, tentando preencher esse vazio com outras coisas além de Deus (dinheiro, filhos, etc). Com isso, temos vários efeitos negativos como estresse, ansiedade e outras perturbações espirituais.
Portanto, os muçulmanos não acreditam que o Islam é uma fé que surgiu com a revelação do Alcorão. A entrega à vontade de Deus é atemporal e existe desde os primórdios da humanidade. Assim, segundo a tradição islâmica, o primeiro muçulmano foi, na verdade, Adão.
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No que os muçulmanos acreditam? Os Pilares da fé.
No Islam, a fé é composta de seis pilares, nos quais o indivíduo deve acreditar para se considerar muçulmano. Eles são:
A crença em Deus
A mais importante característica da crença do muçulmano é a unicidade de Deus (também chamada de “tawhid”, ou “monoteísmo). É a convicção de que Deus é único e não há nada que mereça ser adorado exceto Ele.
Diferente do que se diz por aí, os muçulmanos não acreditam em um deus diferente. A palavra “Allah” pode ser traduzida por “Deus” e é também usada por cristãos e judeus de origem árabe. Mas há um diferencial: ao contrário dos termos de línguas ocidentais, como “deus”, “god” etc., a palavra “Allah” não pode sofrer variações.
Ou seja, “Allah” não tem plural.
A crença nos anjos
Os muçulmanos acreditam na existência dos anjos. Segundo o Islam, diferentes dos seres humanos, criados de barro e água, os anjos são seres feitos de luz.
Os anjos diferem dos humanos também em relação ao livre arbítrio. Diferentes de nós, eles são completamente subordinados ao comando divino e seguem completamente as ordens de Deus. São responsáveis pela execução dos comandos de Deus sobre o universo e pela guarda das demais criaturas.
A crença nos livros revelados
Os muçulmanos acreditam que Deus enviou vários livros com mensagens para guiar a humanidade, entre os quais a Torá, os Salmos e o Evangelho.
Algumas dessas escrituras foram completamente perdidas e outras acabaram sendo modificadas. A última delas é o Alcorão, que recebe uma proteção divina contra alterações, e depois dele não virá mais nenhum.
Hoje, em museus de todo o mundo, existem cópias de páginas do Alcorão com séculos de idade. Quando verificamos essas cópias, vemos que suas palavras são idênticas às modernas, e esse é um dos milagres mais expressivos do Alcorão.
A crença nos mensageiros
Como mencionamos anteriormente, o Islam – ou a entrega a Deus – é uma religião intrínseca da natureza humana. Por isso, Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) não poderia ter sido o primeiro a trazer a mensagem da unicidade de Deus.
Os muçulmanos acreditam que Deus enviou milhares de mensageiros através da história. Todos eles, incluindo Abrãao, Moisés, Jesus e até Adão, o pai da humanidade, chamavam o seu povo à adoração de um Deus único e ao abandono dos falsos ídolos.
A crença no dia do julgamento
Os muçulmanos acreditam que todos morreremos e, depois, seremos ressuscitados no dia do julgamento.
O Islam nos chama a termos responsabilidade por nossas ações. Segundo o Alcorão, no dia do julgamento, Satanás dirá para as pessoas que o culparem pelos seus atos:
“… não tive autoridade alguma sobre vós, a não ser convocar-vos, e vós me atendestes. Não me reproveis, mas reprovai a vós mesmos. Não sou o vosso salvador, nem vós sois os meus.” (Surah Ibrahim 14:22)
A crença na predestinação
Essa ideia é expressa em árabe pela palavra qadr, que pode ser traduzida como “poder” ou “destino” ou “predeterminação”. Os muçulmanos acreditam que tudo, seja bom ou ruim, ocorre de acordo com um sistema pré-estabelecido por Deus.
O equilíbrio entre a predestinação e o livre arbítrio pode ser ilustrado por um jogo de xadrez. Durante o jogo, os dois oponentes têm a liberdade de escolher os movimentos. Porém, só o fazem dentro de uma série de limitações. Em outras palavras:
“De fato, ambos os jogadores, apesar de serem inteiramente livres para escolher suas ações, deliberar suas possibilidades, utilizar suas estratégias e exercer todos os seus esforços pessoais em suas jogadas, estão, no entanto, inteiramente circunscritos em suas possibilidades, devido às próprias limitações predeterminadas pelo próprio inventor. Eles não podem quebrar as leis estabelecidas, nem se isentar das possibilidades limitadas e dadas. Desta forma, eles estão predestinados, mas parecem livres e, igualmente, são livres, mas parecem predestinados!”
Emir ‘Abd Al-Qadir Al-Jaza’iri
A fé do muçulmano deve ser consciente e de livre vontade. O Alcorão afirma que “não há compulsão na religião” (Al-Baqarah 2:256). Além disso, o Alcorão elogia em várias passagens aqueles que “creem e efetuam boas obras”, mostrando que a fé verdadeira é associada à ação prática.
Quais são as principais práticas islâmicas?
Os Pilares do Islam são a base da religião e são cinco obrigações que todo muçulmano deve cumprir. São eles:
O testemunho de fé (Shahada)
Para se tornar muçulmano, o indivíduo deve afirmar com a língua e o coração que “Não há deus exceto Allah, e Muhammad é o Seu mensageiro”. A shahada pode ser dividida em duas partes:
- “Não há Deus exceto Allah” — é uma afirmação do monoteísmo, ensinado por todos os profetas desde os primórdios da humanidade.
- “E Muhammad é o Seu mensageiro” — é a afirmação da nossa vontade de viver conforme os princípios ditados por Deus, em sua mensagem para a humanidade revelada ao Profeta (que a paz esteja sobre ele).
Oração (Salat)
“Salat” é o termo árabe que descreve a oração que os muçulmanos praticam obrigatoriamente ao menos 5 vezes por dia. Existem outras formas de “oração”, como o “du’á” (súplica) e o “dhikr” (recordação ou meditação), mas elas não têm caráter obrigatório e possuem formas mais flexíveis.
O muçulmano que pratica corretamente suas orações vai, inevitavelmente, planejar o seu dia ao redor da adoração a Deus. Em muitos países, você vai ver pessoas fechando suas lojas por alguns minutos para rezar.
(Em locais onde a criminalidade é bem baixa, eles deixam suas lojas abertas mesmo.)
A caridade obrigatória (Zakat)
Uma vez por ano, todo muçulmano que possua um certo valor mínimo de riqueza deve dar uma porção de seu patrimônio para os mais necessitados. Esse pilar demonstra que as práticas religiosas não devem só ter um efeito espiritual individual. Ao contrário, a fé verdadeira deve trazer benefício para todos os membros da sociedade.
Jejum no mês de Ramadan (Sawm)
Durante o mês de Ramadan (o nono mês do calendário islâmico e o mês em que a revelação do Alcorão começou), os muçulmanos devem jejuar todos os dias desde o romper da alvorada até o pôr do sol. O jejum consiste na abstenção completa de comida, bebida (inclusive água) e relações sexuais.
Durante esse mês, os muçulmanos também se esforçam mais em outras práticas de devoção, como a caridade e a leitura do Alcorão. O objetivo disso tudo é criar um maior senso de consciência de Deus.
A peregrinação a Meca (Hajj)
Refere-se a uma jornada espiritual que todos os muçulmanos devem fazer pelo menos uma vez na vida, se tiverem capacidade física e financeira para fazê-lo.
Todos os anos, muçulmanos de todos os cantos, etnias e línguas viajam à cidade de Meca, na Arábia, para cumprir essa obrigação. Nos anos 60, isso impressionou o ativista americano Malcolm X, que havia crescido sob o sistema segregacionista norte-americano e nunca havia visto tal diversidade.
Os rituais do hajj estão cheios de simbolismo que remetem à história espiritual da humanidade. Quem lançou as bases do santuário de Meca foi Adão e o primeiro a estipular os ritos da peregrinação foi Abraão, e depois os mesmos ritos foram confirmados por Muhammad (que a paz esteja com ele e com todos os mensageiros); hoje, os muçulmanos devem adorar o Deus único da mesma forma que ele e todos os profetas foram ensinados.
Onde posso aprender mais sobre o Islam?
Uma das maiores dificuldades dos brasileiros que querem aprender sobre o Islam é a falta de fontes. Hoje, são escassas as publicações em língua portuguesa — e muitas delas vem de fontes ideológicas ou não confiáveis.
Esse foi o fato que inspirou a criação da Editora Bismillah. Fundada por brasileiros muçulmanos, somos a primeira editora do Brasil dedicada 100% à tradução e publicação de obras sobre o Islam tradicional, disponíveis neste link.
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